terça-feira, 24 de junho de 2014

REENCONTRAR-ME



Preciso me reencontrar
pois querendo te encontrar
persegui miragem
mudei paisagens
corri, quase sumi
Quixotescamente errante andei.
E quanto mais eu fui,
mais distante de mim fiquei.

Daniel Mauricio

CARÍCIAS

Carícias
entre
pelos
e apelos
a pele

pede 

bis.

Daniel Mauricio

EM TI



Em ti pulverizo-me

polvo
centopeia
no tatami
se enleiam
num jogo
tântrico
onde só há vencedor

Daniel Mauricio

TENTAR




Tentar... O sino insiste a bater

com o passar do tempo.

O espelho insiste

em mostrar os meus sinais.
Mas o coração não desiste
de tentar o amor encontrar.
Lábios viciados por beijos,
corpo desejoso por sexo,
alma suplicante por um afago.
Dificuldades, desilusões?
A solidão me impele
a ir em busca de outro amor.
A uma simples fagulha
a esperança renasce
como Fênix dourada.
Os sonhos não envelhecem
apenas ficam empoeirados.
Tentar, tentar, tentar...
É o verbo que dá ritmo
ao pulsar do peito ofegante.
Gato de mil vidas,
não se intimida
com a possibilidade do não.
Tentar é a ordem do universo
pois o amor pode estar confuso
em alguma esquina qualquer,
esperando o sinal despertar.
Se o amor não vier
depois do jantar,
a poesia como sobremesa
haverá de bastar.
O amor existe
para quem ousa
e não se cansa
de todo o dia buscar.

Daniel Maurício

domingo, 25 de maio de 2014

GARIMPO


Garimpo
Esfolinado, buscando,
garimpando
o que há de melhor em mim
acabei descobrindo você
encravada dentro de mim.

Daniel Mauricio



STRIP-TEASE


Strip-tease

As palavras
desfilam em linhas
nem sempre retas
sobre a mesa.
Strip- tease de alma
embriagam meus sentidos
num puro jogo de sedução.

Daniel Mauricio





LÍNGUA DE FOGO

Língua de Fogo


Suas palavras
lamberam meu peito
com língua de fogo.
E o amor se fez.

Daniel Mauricio 











ENCANTADO



Encantado


o presente voa apressado
para o futuro
transformando-se em passado.
Passarinho colorido
torna-se encantado.

Daniel Mauricio

domingo, 27 de abril de 2014

FLORES NO VARAL


Flores no Varal

As flores do avental
Exalam perfumes diversos
Ao balançar do vento.
Roupas no varal.


Daniel Mauricio

CIUMENTA


Ciumenta

Embevecido
curti as musas
de outros poetas
a minha tão ciumenta
levantou-se da mesa
sem brindar,
me deixando
com a taça no ar.


Daniel Mauricio

CANSAÇO


Cansaço

Só depois do trem
da madrugada
é que Maria
despetalou
de tão cansada.

Daniel Mauricio





ENCRUADO


Encruado

A vida passa
menos pro velhinho
da praça
que parece ter
encruado
com o tempo.

Daniel Mauricio







domingo, 16 de fevereiro de 2014

Horário de Verão



No mês mais curto

Uma noite mais longa

Para o poeta trabalhar.

Daniel Mauricio




Babando


Era tanta gente

bonita na praia,

que o mar babava,

digo, espumava,

feito cachorro louco.


Daniel Mauricio

A Onda


Ao quebrar-se em meu corpo

a onda deixa um pouco de si.

E para o mar distante,

leva um pouquinho de mim.


Daniel Mauricio

Poesia na Pia


A torneira
os talheres
os copos e pratos
animosamente
batendo papo.

Daniel Mauricio 

sábado, 28 de dezembro de 2013

Sem Poesia


Hoje, o caderno
dormiu comigo
mas nenhuma poesia
quis nascer.

Daniel Mauricio

Lua Mãe


Lua alta
lua baixa
metalizada
nas ondas do mar
balançam os meus sonhos lunáticos
como uma mãe,
para o filho acalmar.


Daniel Mauricio

Cálice


O cálice de cristal
ficou tímido, calado
diante do beija flor
lépido e embriagado
tomando o seu licor diário
no delicado cálice da flor.


 Daniel Mauricio

Materialização


Ao estressar a palavra
ela solta o verbo
e em substantivo
revela o seu ser.


Daniel Mauricio

domingo, 20 de outubro de 2013


Que os nós
se transforme em noz
para que nós
nos unamos mais
num grande e forte nó.

Daniel Mauricio

O Furacão


O furacão
furou a mata
e feriu o cão
o cão que em cada peito
late, uiva, urra
de dor e desolação.
O vento ventoso
vaidoso, ruidoso e rusgoso
com suas ventosas,
diria até violentosas,
de gigante polvo
vasculhou a cidade
feito afoita foice
deixando entulhos,
lamas e lágrimas
lamentação.


Daniel Mauricio

O Tempo Tem Pó


O tempo
Tem pó.
Pó que vai embaçando os olhos
Pó que vai branqueando os cabelos
Pó que maquiando a pele
Com manchas, rugas e pintas.
Tem pó o tempo.
E na sua esteira
Os passos ficam marcados
Pois o pó do tempo
não tem dó
é o Óóóóó.

Daniel Mauricio

Chuva de Recordação


Cai a chuva no telhado
como notas musicais
colorindo o meu son(h)o
de criança nos quintais.

Daniel Mauricio

domingo, 29 de setembro de 2013

LUA CHEIA



A lua toda cheia
apenas de camisola
mostrava-se inteira
na noite escura
os efeitos do seu amor
pelo sol.

Daniel Mauricio

A PESTE


A peste
petulante
pintou de preto
a pétala
da petúnia.


Daniel Mauricio